quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Alforria

A liberdade custa caro, e eu tô pagando um dobrado pela minha. Na liberdade de deixar ir, pensei que se voltasse seria meu... não voltou, esse amor nunca foi meu. Talvez nunca tenha sido amor. Liberdade é poder sentir o que quiser e principalmente o que não se quer sentir. Liberdade é querer estar sem precisar, só pelo simples fato de querer ficar ali. Liberdade também é não querer estar e eu não estou. Eu estou livre. Sou, eu sei que sou, pelo menos eu preciso acreditar nessa premissa. Nessa liberdade que me fere. Quisera eu que ela rasgasse somente a minha pele, feito tatuagem. Minha liberdade é cicatriz, que vez ou outra volta a ser ferida que se abre e sangra. Minha liberdade dói, pois sendo livre deixo minha prisão aberta. E eu aprendi a viver nessa prisão, me apeguei a ilusão do conforto-nem-tão-confortável-assim. Eu estava cega, e ainda não consegui enxergar a luz do mundo que me cerca, mas não leva tempo até a minha vista se adaptar. Às vezes me sinto livre, é nisso que devo acreditar, me agarrar, me ater. Liberdade não se ganha, não se compra, se conquista, se escolhe ter ou não ter. Eu tenho a minha, devidamente assinada como numa carta de alforria.

Um comentário:

  1. Amor e liberdade. Como dizer que um é condição de permanência do outro? Ou ainda que viver preso em alguém não significa amar?
    Eis um sentimento que não há rótulo e muito menos jeito certo para tê-lo ou usá-lo.
    Às vezes, estar preso em alguém é o modo mais simples de ser livre. Outras vezes, estar livre é a pior maneira de estar preso.
    De todo modo, amor é e sempre foi o que regeu aquela nossa doce prisão.

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