domingo, 16 de abril de 2017

Sobre Lembrar

Tem dia que é pouco
Tem dia que é muito
Tem dia que é quase nada
Tem dia que é o dia todo
Tem dia que faz bem
Tem dia que não faz
Tem dia que dói
Tem dia que também dói
Ontem teve, hoje tem,
Amanhã também terá
Todo dia é dia de lembrar
Todo dia eu insisto em me maltratar


Mas se um dia, quem sabe, isso cessar
Vai ser o dia mais feliz da minha vida
E eu vou comemorar te ligando pra contar
Que eu consegui te esquecer
Que eu consegui não pensar

segunda-feira, 6 de março de 2017

2%

Nós somos raridade, somos aquele pequeno detalhe que faz toda a diferença. 
Somos a margem da humanidade, aberrações, mutações, erros genéticos.
Temos “defeitos” que enaltecem a beleza do exótico, 
aguçando desejos, causando inveja, virando fetiches.
Fomos um encontro desses que só acontece uma vez na vida, 
uma afinidade como a probabilidade mínima de existir, um raio que só cai uma vez.
Fazemos estrago com pouco, não precisamos de mais. 
Não somos mais, apenas especiais. Poucos, raros e belos.


E juntos, enquanto essa estimativa permitir.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Alforria

A liberdade custa caro, e eu tô pagando um dobrado pela minha. Na liberdade de deixar ir, pensei que se voltasse seria meu... não voltou, esse amor nunca foi meu. Talvez nunca tenha sido amor. Liberdade é poder sentir o que quiser e principalmente o que não se quer sentir. Liberdade é querer estar sem precisar, só pelo simples fato de querer ficar ali. Liberdade também é não querer estar e eu não estou. Eu estou livre. Sou, eu sei que sou, pelo menos eu preciso acreditar nessa premissa. Nessa liberdade que me fere. Quisera eu que ela rasgasse somente a minha pele, feito tatuagem. Minha liberdade é cicatriz, que vez ou outra volta a ser ferida que se abre e sangra. Minha liberdade dói, pois sendo livre deixo minha prisão aberta. E eu aprendi a viver nessa prisão, me apeguei a ilusão do conforto-nem-tão-confortável-assim. Eu estava cega, e ainda não consegui enxergar a luz do mundo que me cerca, mas não leva tempo até a minha vista se adaptar. Às vezes me sinto livre, é nisso que devo acreditar, me agarrar, me ater. Liberdade não se ganha, não se compra, se conquista, se escolhe ter ou não ter. Eu tenho a minha, devidamente assinada como numa carta de alforria.

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Sobre o Gigante

- Outro dia desses eu li um monte de texto teu no blog
- Sério? Nunca mais eu escrevi.
- Por quê? Tu escreve tão bem.
- Sei lá... Não tenho mais inspiração, não sinto mais.
- Não precisa falar sobre sentimentos, escreve sobre outra coisa...


Bom, eu não sei escrever sobre outra coisa, desculpa. Só sei falar sobre sentimentos, e olha que ironia, hoje, preciso falar sobre o meu, por ti. Achei lindo esse encontro "do nada", essa conversa "despretensiosa", aqueles abraços "amigos". O teu olhar o mesmo de sempre, o teu sorriso um pouco diferente, o teu cheiro completamente outro. Eu lembro, quando éramos crianças que eu te achava o máximo, tu era melhor que eu em quase tudo, era mais forte, era mais alto, mais esperto... Hoje tu é maior, um gingante (risos da piada interna). O tempo passa e a gente acaba perdendo pessoas importantes que a gente jamais se imaginou sem. Eu nunca me imaginei sem ti, ainda não imagino. É bom saber que a gente tá mais perto, e de alguma maneira, mais próximos. Contigo eu tenho a liberdade de falar da minha vida totalmente aberta, contigo não tenho aquele receio de errar os pronomes (mais risos), contigo é diferente, sempre vai ser. Hoje, meu amor... eu só te desejo o que de melhor a vida pode te trazer, amor, paz, sorte. Eu sempre estarei aqui, independente do que aconteça, de quem aconteça. Eu sempre vou ser aquela garotinha com o cabelo amarrado no pitoche te esperando na calçada... sempre.